terça-feira, 25 de janeiro de 2011


“Se você não mudar de direção, terminará exatamente onde partiu”
                                                                           (Provérbio chinês)

Mudar de direção... Recomeçar... Sempre dar novo sentido à Vida...

Vida... Viver ≠ “de levar a vida”... “Enrolar com a barriga”.
Viver = ser feliz

 Para o homem comum e para a filosofia “tradicional”, o ideal supremo da vida é atingir um estado de plena tranqüilidade sem sofrimentos. Isso significaria presença plena de FELICIDADE.  No entanto a nossa existência deixa claro que este tipo de idealização é impossível.

É existencial a angústia, solidão, tédio, o sofrimento... Tudo isso é inerente e indissolúvel no homem. Não é possível pensar em realizações humanas e ao mesmo tempo excluir os sofrimentos a ela inerentes...

Diante disso o que resta?
O que é viver?

Vamos divagar um pouco... Imaginemos aqueles círculos de reunião em que num determinado momento o orientador diz: “Começando aqui pela minha direita cada um deve dar sua definição sobre o tema tratado em poucas palavras... Todos nós já passamos por isso. È dada a largada e imediatamente nossa mente começa um busca desenfreada por palavras exatas que expressem nossa apreensão e capacidade de síntese. MAS... enquanto um fala o seguinte se prepara e logicamente não tem condições naturais de ouvir atentamente o outro... uma cadeia de discursos mudos se desencadeia. Todo mundo fala enquanto ninguém ouve... um processo profundo de angustia se instala uma vez que quem fala quer ser ouvido.
“No centro da personalidade humana está a necessidade de ser apreciado”

Embora se trate de uma necessidade comum... Quase não atentamos para os outros... No momento da dinâmica citada prevalece nossa tendência ocidental. O importante é a definição... o tempo em que o outro fala se torna um tempo propício para elaborar, rever, ponderar... MAS nada de ouvir... Numa dinâmica de grupo o mais importante deveria ser a troca de experiência e não a exposição de potencial de síntese de cada membro... Definição não é algo importante. É sempre uma forma de aprisionamento. Definir é estabelecer uma cerca, impedindo que a realidade definida se mova em direção a outras. Somos rápidos e bons em definições, mas com isso nos fechamos em nossa fortaleza de conceitos.

RECOMEÇAR - 2011


Estatuto dos Sonhos
Luciano Luppi


Fica decretado que todos os seres têm direito a sonhar. O sonho é livre e os caminhos serão desenhados com a cor da esperança de quem quer seja.

Fica decretado que o sonho será feito com a substância do cotidiano, em quantidade suficiente para alimentar as almas com o alento da vida.

Fica decretado que a aridez do mundo será combatida com a certeza de que as gavetas serão abertas e os poemas que dormem empoeirados saltarão para os corações carentes de tudo.

Fica decretado que é preciso continuar sonhando, é importante acreditar na matéria da imaginação, é essencial que as idéias sejam vistas com os olhos da realidade e, sobretudo inexoravelmente, que os sonhos sejam realizados, passo a passo no correr dos dias até o final.

Fica decretado que a esperança nada mais será que o sonho daquele que se mantém acordado para a vida.
Fica decretado que o sonhador é um ser como todos somos, mas terá este um brilho indecifrável e um sabor de liberdade emanará de suas bocas.

Fica estabelecida a definitiva possibilidade de sonhar coisas impossíveis, que inclusive, poderão ser realizadas.

Fica proibido o uso da razão para conter os cantares, os sorrisos e os olhares para o horizonte.

A partir desta data a razão deverá ser usada como instrumento de apoio e realização de todas as utopias, inclusive a da paz.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Início de 2011 - Tempo de Criação

Quero, neste início de ano, permanecer silencioso como "a lagarta dentro do casulo" num importante processo de criação... Estou a criar já pensando nos trabalhos de 2011. Aos amigos professores, artista e criadores um bom período de latência a todos, nesta justa fase de recriação de nós mesmos...
Para não ficar em falta partilho um dos textos que me inspiram nesta fase... e até logo, até o momento certo de nos encontrarmos para RECOMEÇAR...

Espaço Aberto
Luciano Luppi

Um dia me dei conta de que, para continuar crescendo,
era urgente iniciar uma faxina dentro de mim.
Eu precisava de mais espaço aqui dentro e,
no entanto, havia muitas lembranças
inúteis e indesejáveis ocupando o lugar
da alegria e dos sonhos.

Um canto estava abarrotado de ilusões,
papéis de presente que nunca usei,
algumas mágoas, risos contidos e livros que nunca li.
Espalhados por todos os lados haviam
projetos de vida abortados e decepções.

Abri o armário e joguei tudo no chão.
Foram caindo: desejos reprimidos, olhares de crítica,
palavras arrependidas,
restos de paixão e ressentimentos estúpidos.
Mas haviam coisas importantes no meio de tudo:
um brilho de esperança, o amor maduro,
algumas boas gargalhadas, momentos de ternura e paz,
desafios e bastante amizade.

Não havia dúvida, bastava jogar no lixo
tudo que não servia mais para que eu continuasse crescendo.
E depois, tratei de varrer
todas as recordações empoeiradas,
passei um pano nos ideais,
pendurei os sentimentos nobres na paredes mais claras,
guardei nas gavetas todas as boas lembranças,
perfumei a criatividade e abri a porta
para que o meu espaço fosse invadido
por algo que estava faltando para o meu crescimento pessoal:
a capacidade de recomeçar.