sexta-feira, 10 de agosto de 2012

INTERVENÇÃO - JORNADA FTD / SP


O Louco

"Tem gente que me pergunta como foi que enlouqueci. Foi assim: certo dia, muito antes dos deuses nascerem, acordei de um longo sono e descobri que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu tinha feito e usado em sete vidas - e sai correndo pelas ruas apinhadas de gente, gritando:
_ Ladrões, ladrões, malditos ladrões!
Os homens e as mulheres riam, mas alguns correram pra casa com medo de mim.
E, quando cheguei à praça do mercado, um jovem que estava no terraço de uma casa gritou:
_É um louco!
Ergui os olhos p/ ele e o sol beijou meu rosto nu pela 1ª vez.
Pela 1ª vez o sol beijou meu rosto nu e minha alma inflamou-se de amor pelo sol e não quis saber mais de máscaras. 
E gritei em transe:
_Abençoados, abençoados ladrões que roubaram minhas máscaras!
Foi assim que enlouqueci.
E encontrei liberdade e segurança em minha loucura:
a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aqueles que nos compreendem nos escravizam de algum modo.
Mas não quero ficar orgulhoso demais de minha segurança.
Nem na cadeia um ladrão está a salvo de outro ladrão"

Gibran Kalil Gibran




Palestra... Jornada FTD / SP















 

 

 

 

"O avesso da cena"

Sobre os bastidores do trabalho do educador...


Educadores são artistas... Seres inexplicáveis que trazem consigo a missão sublime de formar pessoas... Encaram cada aula como um grandioso espetáculo. No entanto a maioria das pessoas não imaginam a infinidade de coisas que acontecem antes, durante e depois do período em que se está em “cena”. Para muitos, tudo acontece num passe de mágica, de modo quase espontâneo e sem maiores esforços.
A visão é diferente para quem mergulha no universo das coxias. Nos bastidores a vida se revela em estruturas diferentes. Trabalho de preparação... repetido inúmeras vezes até a exaustão... expectativa... insegurança... renúncia... trabalho de construção muitas vezes sem hora para acabar.
Distante dos refletores a realização passa por uma realidade despida de adereços... O artista/educador se experimenta inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina. Como um rio em processo de vir a ser.  Por vezes o cansaço faz querer parar. Aparece a sensação de que já se viveu mais do que o coração suporta. Mas, se inacabado, é preciso continuar. A trama da vida depende deste contraste.

Ailton Dias