O público que vê um espetáculo no palco não imagina a infinidade de coisas que acontecem antes, durante e depois do breve período em que o artista esta em cena. Aos olhares leigos, a impressão é de que tudo acontece num passe de mágica, de modo quase espontâneo e sem maiores esforços.
Na verdade essa visão romântica se dissipa quando se mergulha no universo das coxias. Nos bastidores a vida real se faz presente com a mesma intensidade de qualquer outro campo profissional.
Trabalho anônimo... repetido inúmeras vezes até a exaustão... sofrimento... insegurança... renúncia... trabalho de construção muitas vezes sem hora para acabar.
Distante dos refletores a realização passa por uma realidade nua e crua... O artista se experimenta inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina. Como um rio em processo de vir a ser.
Por vezes o cansaço faz querer parar. Aparece a sensação de que já se viveu mais do que o coração suporta. Mas, se inacabado, é preciso continuar. A trama da criatividade depende deste contraste. Um dia multidão; no outro dia solidão...
A verdade é que não é possível ficar parado no tempo esperando que o mundo mude... A vida é movimento capaz de mudar e mover o mundo. Não há ser humano sem luta. Cada um sofre o seu tanto para ser o que é. Sangue é metáfora do sacrifício.
O que faz uma pessoa inteira é a sua capacidade de viver intensamente por uma causa. Pessoas que se empenham na realização de seus sonhos não se conformam em viver simplesmente na uniformidade.
Como no lembra Rubem Alves os artistas nos fazem acreditarem anjos... Deus de vez em quando tem dó de nossa condição e nos envia seres inexplicáveis para que experimentemos a alegria do mundo de beleza perfeita. Mas artista mesmo nos lembrando anjos são humanos e vivem todas as dores da existência.
Educadores são artistas... Seres inexplicáveis que trazem consigo a missão sublime de formar pessoas...
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