Quando pensamos a filosofia na educação básica temos a clara a idéia de que nossa meta, mais do que conhecer as idéias principais dos grandes filósofos, é refletir a partir delas e, às vezes até para além delas. A parceria entre a filosofia, a literatura e a arte torna possível tratar com alegria e leveza alguns temas importantes e complexos da cultura e da existência, como sentido da realidade, o lugar da ciência na sociedade, as interpretações do corpo e da natureza, a relação entre arte e verdade, a transitoriedade do amor e a inevitabilidade da morte.
Assim como a meta de todo artista é tornar real o impossível, ao recriar e recriar mundos através de cores e sons, o escritor da vida às palavras e o filósofo busca explicar o inexplicável. Todo esse processo gera o fenômeno do conhecimento e nada disso é feito de maneira unilateral e isoladamente. Por isso ao estudar filosofia nossa proposta é de dialogar abertamente com a literatura e com a arte em sua grandiosa extensão. Na filosofia é fundamental uma certa dose de improviso e de ousadia, às vezes até de rebeldia, na medida em que os pensamentos dos filósofos não estão aí para serem meramente repetido, mas “usurpados” e reapropriados de forma inventiva.
Não há dúvida, por ser algo inegável, que o futuro dos povos e de toda a humanidade em conjunto depende muito da formação da juventude. Os diversos países do mundo, configurados por sua situação étnica e geográfica, educaram suas juventudes seguindo as inspirações naturais do solo pátrio, determinando assim preferências que depois haveriam de caracterizá-los nas respectivas linhagens de grandes condutores políticos, oradores ilustres, filósofos, navegantes, artistas, gênios da literatura, expoentes máximos da ciência ou eminências do pensamento econômico. Olhando os adultos de hoje não tenho medo de dizer que faltou ousadia em nossa formação. O povo brasileiro tem arte “no sangue” e não sabe conviver com a estética. Produzimos uma brilhante literatura que é mais lida fora do que dentro do país e pensamos segundo os moldes da “soberana” e massificadora mídia. Em outras palavras não fomos educados, ou melhor, fomos educados para viver tal como podemos ver por aí. Fomos moldados para o micro, o mínimo, o menor. Ainda nivelamos tudo por baixo.
A proposta é a de transgredir, não repetir os erros do passado, sair da mesmice, romper a “grade” curricular de outrora e dialogar com mundo. Queremos uma juventude autêntica, dinâmica e decidida. Queremos formar gente de atitude. Gente capaz de ler sem compromisso com respostas para os outros, mas com as próprias perguntas interiores... Ler por encanto correndo atrás das palavras como quem persegue borboletas e aí se “perder” com a beleza de todas as cores.
É preciso acreditar mais no prazer que no dever; por isso é preciso educar dialogando. Dialogando compreendemos que ninguém tem a verdade. Nós só damos palpites. Quando compreendemos que neste mundo, quando expomos nossa verdade, só damos palpites ficamos mais tolerantes. Aí podemos conversar mansamente ouvindo honestamente o que os outros têm a dizer.
Grande abraço para todos...
Ailton Dias
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